terça-feira, 9 de março de 2010

Dor


Meu peito aberto...


Expõe feridas da alma...


Que apenas as palavras doces podem curar...


Palavras essas...


Que ninguém sabe dizer...


"Quem me saberá dizê-las?"

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Eu


Quem me sabe?

Tu,

Decifra-me?


Nada que realmente seja.

Coerente?

Inconspícuo.


Ou mesmo talvez...

Inexorável

Como a fé.

Que não tenho.


Perdi até o dom das palavras

Letras ou não,

Elas não mais se escrevem.


Na cabeça, milhares de dúvidas

Em um coração cheio de anseios.


Branda e venenosa,

Passo a passo,

Trevas que consomem a lucidez

Que não desejo ter.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Dias que se passam...


...sem que seu sabor seja apreciado.


Hoje, como em tantos outros dias, senti-me amargo, a alma dolorida, castigada por meus próprios insumos. Doía quase fisicamente - aliás, ainda dói.


Saí para caminhar entre os transeuntes, pessoas comuns que graças às suas tarefas atribuladas, não teriam tempo para me prestar alguma atenção.


- Bom. Na verdade, ótimo! Melhor que não me percebam, que continue assim.


Segui caminhando entre tanta diversidade, tantas peles coloridas, cabelos diferentes, olhares curiosos, indiferentes, divertidos, tristes... - admirável mundo novo!
Mas ao mesmo tempo, senti-me nauseado, aquelas pessoas exalavam algo desagradável, algo que por um segundo deixou-me desnorteado, até que então pudesse me reencontrar e assimilar. Aquelas pessoas, são carne, e portanto, carregam tudo o que de pior posso captar quando não desejo. Aquele fedor implacável que apenas seres humanos desprendem, deuses, aquilo me foi tortuoso!


Agora posso rir um pouco, afinal, graças à tal tortura, pude abstrair-me do que sentia, para passar a sentir puro e simples, enjoo. Glória! (risos)
Sei o quão estranho isso possa parecer, mas, para uma existência vazia e cheia de momentos lúgubres e dolorosos, uma situação típica e cotidiana para alguns, me é cheia de aspectos interessantes.
Ao que valha, o mesmo para quem vive meu oposto.


Já parou para deitar na terra pura e ver uma flor nascer?

Posso apostar minha imortalidade, que não.


Já parou para observar o movimento constante das nuvens, que nunca param, mas te dão uma sensação de formar desenhos no céu?
Com certeza sim, mas numa tenra e provavelmente longínqua infância.


Sob tantos ângulos, apenas tenho a certeza de que por muitas vezes, as pessoas tornam suas existências vazias e tristes, por simplesmente não saber olhar para os lados com mais apreço, para cima, com mais afinco, e ir buscar, a fundo, a origem e a beleza, que com toda a certeza de minha vasta - porém parca - experiência, sempre encontrarão.
Este, é mais um dos motivos pelo qual sou Tolo. O Tolo de Todos.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Alguns breves motivos...



Julguem-me, critiquem, façam o que bem entenderem. Não me importo.

Sou uma alma presa a um corpo imutável, uma alma que clama por ser vista, mas que deve manter-se nas sombras.


Chamo-me Azrael, mas, para devidos fins, serei apenas, vosso condutor desta torpe narrativa. Mantida alheia, recatada, ocultada assim, por entre as bilhões de outras tantas falsas identidades da rede virtual mundial.


Deitei-me esta noite com o computador portátil apoiado displicentemente sobre as pernas cruzadas - como sempre faço, há tempos sem conta, todas as noites em que simplesmente sinto-me preguiçoso demais para sair em busca de alimento, pois, canso-me fácil, mas esta terra me fascina, devo admitir - e, por alguma força que não saberia explicar, pus-me a buscar informações sobre amados escritores que me lotam as empoeiradas e bolorentas estantes de livros por todas as casas que já mantive.


Deliciei-me com o desencontro de informações a respeito de meus queridos Mary Shelley, Lord Byron, Marquês de Sade, e mesmo a querida e jovem – em termos? Mas mesmo assim magistral – Anne Rice. Todos tratando de um tema em comum; a paixão pela beleza da loucura, nos entremeios sombrios da mente humana.


Ah, doce literatura que embala meus séculos de solidão e tristeza! Não fosse pelo alento das palavras, com toda a certeza a essas alturas, seria eu, nada menos que uma figura esquelética, monstruosa, e fascinada...


Pois bem, a razão deste texto e desta página que vos trago, é bem simples: cansei-me de estar só.


Claro que não espero, de maneira alguma, receber reconhecimento e ter minha vida invadida por curiosos em saber se realmente sou carne. Deixo-vos bem dito: Sim, sou carne, sou osso, sou sangue. Sou velho quanto o tempo me permitir, sou belo a quanto os olhos alheios quiserem enxergar, mas sou além de tudo, movido pela arte e tudo de belo que a vida e os seres do universo possam ser. Sou um filho dos séculos.