segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Alguns breves motivos...



Julguem-me, critiquem, façam o que bem entenderem. Não me importo.

Sou uma alma presa a um corpo imutável, uma alma que clama por ser vista, mas que deve manter-se nas sombras.


Chamo-me Azrael, mas, para devidos fins, serei apenas, vosso condutor desta torpe narrativa. Mantida alheia, recatada, ocultada assim, por entre as bilhões de outras tantas falsas identidades da rede virtual mundial.


Deitei-me esta noite com o computador portátil apoiado displicentemente sobre as pernas cruzadas - como sempre faço, há tempos sem conta, todas as noites em que simplesmente sinto-me preguiçoso demais para sair em busca de alimento, pois, canso-me fácil, mas esta terra me fascina, devo admitir - e, por alguma força que não saberia explicar, pus-me a buscar informações sobre amados escritores que me lotam as empoeiradas e bolorentas estantes de livros por todas as casas que já mantive.


Deliciei-me com o desencontro de informações a respeito de meus queridos Mary Shelley, Lord Byron, Marquês de Sade, e mesmo a querida e jovem – em termos? Mas mesmo assim magistral – Anne Rice. Todos tratando de um tema em comum; a paixão pela beleza da loucura, nos entremeios sombrios da mente humana.


Ah, doce literatura que embala meus séculos de solidão e tristeza! Não fosse pelo alento das palavras, com toda a certeza a essas alturas, seria eu, nada menos que uma figura esquelética, monstruosa, e fascinada...


Pois bem, a razão deste texto e desta página que vos trago, é bem simples: cansei-me de estar só.


Claro que não espero, de maneira alguma, receber reconhecimento e ter minha vida invadida por curiosos em saber se realmente sou carne. Deixo-vos bem dito: Sim, sou carne, sou osso, sou sangue. Sou velho quanto o tempo me permitir, sou belo a quanto os olhos alheios quiserem enxergar, mas sou além de tudo, movido pela arte e tudo de belo que a vida e os seres do universo possam ser. Sou um filho dos séculos.